Minha irmã está noiva.
Em
três meses ela vai se casar, e depois mudar de cidade.
Eu não
estou morando na mesma cidade que ela, pois preciso fazer alguns estágios para
terminar a minha faculdade e só consegui arranjar um local em uma localidade diferente.
Dói
saber que perdi a chance de passar o último ano da minha irmã em casa ao lado
dela.
Dói
mais ainda imaginar que vou voltar para Curitiba e encontrarei um quarto vazio
(e nem estou falando do guarda-roupa, o que também dói, mas em um nível muito
menor, claro).
Quando
meu irmão saiu, foi mais fácil. Ele já viajava muito e quase não parava em casa
(por que escrevi isso no passado? Esta ainda é a sua vida), por isso não
tínhamos tanto contato, mas a minha irmã... minha irmã foi o meu apoio
principal sempre que precisei, ela me ensinou, me aconselhou, me emprestou
roupas para festas as quais eu estava extremamente nervosa para ir e me deixou
chorar em seu colo sempre que necessário.
Não
quero molhar meu rosto enquanto escrevo isso aqui, então, ao invés de focar nas
memórias que tenho da minha irmã mais velha e mais sábia, vou focar no fato de
que vou me tornar filha única e o quão estranho isso vai ser.
Minha
mãe vai se aposentar, vou trabalhar em período integral (se tudo der certo e
alguém se atrair pelo meu currículo), vou ficar longe do garoto que gosto (opa,
estou fugindo do assunto aqui, vamos deixar esta parte para outro texto) e vou
ser o único passarinho que restou no ninho.
É uma
certa pressão para abrir as asas, pois parece que estou fazendo algo de errado,
simplesmente longe do sucesso e perto demais das minhas raízes (continuamos com
analogias ligadas à natureza).
Ok que
estou almoçando sozinha este ano, mas sei que minha família está toda lá em
Curitiba, pronta para se reunir quando possível.
Não
vai ser mais possível de maneira tão simples assim, porque o meu irmão pode
viajar muito, mas ainda mora na mesma cidade que a gente, já a minha irmã, vai
até para outro estado e estou tendo muita dificuldade de conceber isso.
Estou
feliz por ela, claro, mas me sinto estranha. Não é um problema almoçar só com a
minha mãe, o que é super comum, mas é um problema se sentir um fracasso por não
ter saído de casa (mesmo sendo a mais nova e sabendo que não é uma corrida).
Sinto
que vou me sentir sozinha, e é disto que realmente tenho medo.
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