Autora Cris Casagrande

            Estou mais uma vez me sentindo tonta e chorando sem saber explicar o motivo.

Eu sei que ouvir músicas da One Direction não foi uma boa ideia, já que o Liam acabou de partir e aquelas palavras cantadas por ele junto aos outros meninos atingiram o meu coração em cheio.

Mas eu sei bem que não é só por isso que estou chorando, pois já estava sentindo o vazio assim que acordei. Tive uma forte dor de cabeça ontem e o céu cinza do lado de fora da janela faz com que eu queira me trancar no quarto e não sair nunca mais.

É a medicação.

Ela está aí para te ajudar, mas te deixa dependente, afinal, é uma droga como qualquer outra.

Já fui parar no hospital por causa de crise de abstinência e reações da maldita com outros componentes químicos. Eu tento viver a minha vida normalmente, mas não posso esquecer das cápsulas, comprimidos e gotas que já começo a tremer, definhar e ser tomada pelo vazio.

A minha hipersensibilidade não ajuda, já que comentários discordando de mim e vídeos de pessoas amargas e idiotas atingem meu coração em cheio, mas esse não é o tópico do texto.

A questão é que dói saber que seu corpo depende de uma coisa externa apenas para ficar normal (apesar deste ser o caso com água e comida, mas você não precisa de receita médica para adquiri-los).

Meu corpo pede ajuda, minha mente fica desesperada, meu coração fica vazio (daqui para frente vamos trabalhar com uma prosa poética para expressar melhor o sofrimento. Você pode até me imaginar pigarreando antes de começar se quiser, mesmo eu nunca fazendo isso na realidade).

Minha visão fica turva e meu corpo pede ajuda.

Pensamentos ruins tomam conta de mim e minha mente fica desesperada.

Um aperto no peito me consome e meu coração fica vazio.

Tontura, náusea, choro descontrolado, tudo isso por causa de uma maldita pílula, ou melhor, da falta dela.

Minha psiquiatra está de férias e ninguém vai me dar uma receita sem consulta.

Eu deveria gravar alguns vídeos hoje, mas não sei se vou conseguir.

Eu deveria comprar um presente para uma criança hoje, mas não sei se vou conseguir.

Eu deveria viver hoje, mas não sei se vou conseguir.