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             Assisti à primeira temporada daquela série ‘Sandman’ e, apesar de não ter amado, trago agora uma frase que o corvo de Morfeu disse a ele quando quase perdia uma batalha: ‘sonhos não morrem’ (tirei o palavrão). É aí que nosso protagonista se levanta e, intitulando-se a própria esperança, dá a volta por cima.

Nesta mesma série, o senhor dos sonhos aponta como estes são capazes de dar um sentido a uma vida e fazer com que ela continue sendo vivida, em um episódio que termina em algo que posso chamar de nada menos que uma carnificina (ou, quem sabe, uma ‘autocarnificina’?).

Sonhar é doce, mas também é difícil.

É doce porque nos tira do marasmo, permitindo darmos asas a nossas mentes, fazendo os planos mais fabulosos e improváveis da face da terra.

É difícil porque sempre chega a hora de colocar o pé de volta no chão, jogando toda aquela realidade fantasiosa fora, para voltar à realidade.

Mais difícil ainda é seguir os seus sonhos, porque exigirá de você, e muito.

Fisicamente, financeiramente, às vezes até moralmente. Mas o âmbito que acredito que mais será afetado é o emocional, pois, quando as coisas dão errado, é preciso uma grande dose de energia para se levantar e tentar novamente.

Recentemente fui a um show de comédia com meus tios e o comediante, que também é músico, comentou que está com sua carreira internacional em construção, depois de uma promessa de um produtor que não foi cumprida. Depois de ilusões, quedas e mais quedas.

Ele se levantou, provavelmente apoiado no próprio sonho, no próprio amor àquilo que faz e em sua ambição. Quinze anos depois, as coisas estão dando certo.

Quinze anos. Isso são três quintos de toda a minha vida.

Como uma pessoa ansiosa e sem paciência, tenho dificuldade de esperar e quero tudo para ontem. Tendo a necessidade de encarar meus sonhos não se realizando depois de um dia... um mês... um ano, a frustração vem na certa.

É frustração atrás de frustração, atrás de frustração. É queda atrás de queda, atrás de queda. É a realidade me puxando para baixo e as asas de meus sonhos ficando cada vez mais fracas.

Mas o corvo já disse: os sonhos não morrem. E eu não seria capaz de me perdoar se desistisse.

Por sorte, a minha carreira internacional já vai começar no ano que vem, e estou me permitindo sonhar com sucesso proveniente dela.

Será que as coisas vão acontecer como eu gostaria? Provavelmente não, ou, pelo menos, não exatamente, mas acho que o suficiente para não me permitir acabar em uma cena de ‘autocarnificina’. 

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