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            Você se lembra de quando ensaiava as coreografias para a Festa Junina da escola? Ou ainda está na idade de ensaiar?

            Fui dominada por um sentimento de nostalgia enquanto ensaiava os alunos do colégio onde faço meus estágios da faculdade. Ok que hoje eles misturam as músicas, fazem remix e não dançam apenas danças tradicionais, mas mesmo assim é escola e é Festa Junina, com correio elegante, pipoca e quentão.

            Demorei um tempo para me localizar dentro desta logística, pois dancei algumas das coreografias e em outras fiquei só lá na frente passando “cola” para que os alunos não esquecessem os passos (inclusive não dancei a coreografia que mais gostei, pois meu par faltou no dia, mas acontece). É diferente quando se é professora, mas é fato que os alunos (em sua maioria) foram muito colaborativos.

            Apesar dos três primeiros parágrafos terem tratado disso, o texto não é sobre Festa Junina, e sim sobre nostalgia.

            Um contexto: morei na mesma cidade por doze anos e depois me mudei para a capital do estado. Após dez anos, voltei a morar naquela cidade do interior de onde vim para fazer estágios e conseguir meu tão almejado diploma (estamos quase lá!).

A questão é que se passou uma década e a cidade não parou. Estabelecimentos fecharam (como meu restaurante favorito), ou mudaram de lugar (como minha sorveteria favorita), amigos se mudaram ou apenas estão atarefados demais (se é que a amizade continua, pois a maioria ficou no esquecimento). Demorei para entender que a cidade onde cresci não existe mais, pois ela cresceu tanto quanto eu (na verdade, mais), e as pessoas que faziam parte da minha rotina seguiram seus caminhos, assim como também o fiz.

Mas um respiro de sensações boas tomou conta de mim quando passei em frente ao meu antigo colégio, o qual passei mais de dez anos frequentando, e a nostalgia me invadiu. Naquele estacionamento onde tanto brinquei, naquele bairro onde vivi e caminhei para ir até o clube mergulhar na piscina e chupar picolés com as amigas.

Lembrei um pouco do que eu costumava ser, da inocência de minha infância e da pouca perspectiva que tinha, quando aqueles quarteirões eram o meu mundo. As coisas mudam, assim como meu corpo, voz, convicções, entre outras coisas que me fazem ser quem sou aqui, mas é bom saber que invocar lembranças tem o poder de me fazer sentir acalentada por dentro (usei o pronome “me” e não “nos” pois não posso assumir como outras pessoas se sentem perante a lembranças no geral, afinal, nem todo mundo teve uma infância boa).

Não cheguei nem mesmo aos vinte e cinco anos, mas já sou capaz de ficar nostálgica, vendo-me adulta, completamente mudada, em lugares que não são mais os mesmos, mas com a mesma essência. É, a vida tem dessas coisas.

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