Quando não estou bem, o meu pai tem o costume de dizer:
“filha, não sofra com isso”.
Eu sei que ele tem a melhor das intenções, e que bons
pais e mães (como os meus) provavelmente tirariam a dor dos filhos e as
tomariam para si se pudessem, mas a minha reação é olhar para ele e esperar que
aponte onde fica escondido o botão que faz deletar os sentimentos. Ah é, não
existe isso.
Não seria maravilhoso se pudéssemos ter praticidade nos
nossos sentimentos? Que eles respondessem de forma racional... Por exemplo: eu
tenho uma amiga que passou por um relacionamento traumático em função de um
namorado abusivo durante o seu Ensino Médio, e hoje, já em seus vinte e poucos,
ela ainda não consegue se apaixonar. Ele sim. Ele namora e (aparentemente) está
feliz. Por quê? Não é justo! Não é justo que essa mulher não possa sentir
livremente em função de suas cicatrizes emocionais. O relacionamento ruim já
acabou, ela deveria poder seguir em frente e pronto. Mas não é assim.
Outra coisa que não é justa é eu não conseguir parar de
pensar naquele garoto que não me merece (e nem tem interesse em mim, ou
responderia às minhas mensagens). Eu sou bem mais bonita que ele e nem mesmo
necessito de sua presença, mas a minha cabeça emocionada insiste em voltar a
pensar nele (e a criar cenários fantasiosos e românicos tendo nós dois como
protagonistas, claro). O que isso traz para mim? Nada além de humilhação.
Simplesmente não é lógico!
É como falo para minha psicóloga: “eu sei que parece
ridículo, mas eu me sinto assim”. Não só parece, é ridículo, e me sinto
patética por sentir determinadas coisas, mas não sou capaz de controlar.
O trovão não vai fazer nada com você, então por que você
tem medo?
Você nem mesmo foi rejeitado ainda, por que está sofrendo
por antecipação?
Ele não te merece, por que você chora pensando nele?
Aliás, por que sequer pensa nele?
A mente já é difícil de controlar, quem dirá o coração!
Por isso seria incrível que os sentimentos e sensações fossem práticos,
lógicos, previsíveis, entre outras qualidades que são matemáticas, mas não
filosóficas.
Termino este texto com uma mensagem: procure não se
culpar pelo que sente (não “não se culpe”, porque nem isso você controla). As
pessoas reagem de formas diferentes aos mesmos estímulos, e os estudiosos da
mente ainda não têm uma resposta mais satisfatória do que “porque sim” para
isso, então lembre-se: sentimentos não são práticos. Não importa o quão
patético você pense que é o seu medo ou a sua frustração, isso não a torna
menos real, ou sequer menos incômoda.
Ah que bom seria: entender, prever e manejar... enquanto
não alcanço este marco, só me resta sentir mesmo.
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