Oi.
Isso
aqui não é fácil de escrever.
Existe
um livro cujo primeiro capítulo se chama “A Festa dos Outros”, referindo-se ao
Dia Dos Pais. A personagem principal do romance foi abandonada pelo genitor
ainda pequena, então, obviamente, não comemorava este suposto domingo especial
no mês de agosto.
Eu não
vivi isso, e sim algo diferente.
Hoje
fico mais afastada de você e sua atual esposa (só Deus sabe quanto tempo vai
demorar para ela se tornar mais uma ex) por motivos de autopreservação. É muito
mais cômodo estar com minha mãe, que me entende melhor.
Escrevo
esta carta apenas para sinalizar o quão injusto foi comigo. Eu tive mesmo que
ler mensagens indecentes e ver fotos do mesmo tipo no seu celular enquanto você
ainda ostentava uma aliança de casamento? Era casado com a minha mãe... não sei
se lembra. Eu era criança!
Vivo
de não falar disso, porque é mais complicado do que parece.
É
verdade que ainda te amo, ainda te chamo de pai e não me arrependo de ter
nascido como parte tua, mas me repreendo ao lembrar deste sentimento em meu
coração e do que você fez.
A
criança dentro de mim só quer gritar: “por quê?”, mas a adulta diz: “deixe para
lá, não é como se eu fosse conseguir entender mesmo”.
Aprendi
a rir das situações (tipo daquela vez que você mandou o mesmo buquê de flores
para duas amantes diferentes, as quais, para o seu azar, estavam na mesma sala
quando receberam. Que mico hein, nem para planejar um pouco melhor). Hoje já
sou maior e conformada. Não compreendo, mas aceito: esta é a minha vida, e este
é quem você escolheu ser
Apenas
peço que se lembre que tem uma filha, e que todo o estrago que você fez causou
consequências em mim. Permaneço no discurso vago porque realmente não gosto de
falar disso, e dói tocar na ferida, mas eu sei que sou forte, e que, para
superar, é preciso encarar.
Obrigada
pela parte de ter me dado a vida e coisa e tal (não que você o tenha feito
sozinho), e espero suas desculpas quando se trata do ruir de nosso pequeno
núcleo familiar.
Às
vezes nem mesmo lembro de você quando se trata de família, mas tenho ligações
de sangue com sua mãe e todo o resto do pessoal também, então não consigo me
desprender.
Este
ano, quando a vó eleger a pior pessoa da família, não torço para que seja você
(muito menos eu), pois tenho a esperança de que você vai aprender e melhorar
com o tempo.
Sigo
comemorando a festa dos outros e te amando, mesmo que às vezes com dor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário