Eu tenho vários caderninhos guardados. Eles contêm
poesias, papéis colados, relatos, desabafos, rascunhos, letras de músicas,
listas e qualquer outra coisa que eu achasse prudente colocar lá. Há mais de dez
anos, o papel tem sido meu confidente e parceiro, por isso sempre tenho um
caderninho em branco por perto, para qualquer produção (coisa de escritora).
Até já me aventurei em desenhar (o que não foi a melhor das ideias)!
Eu tinha pensado em tratar este texto como um dos relatos
que faço em meus caderninhos, sendo totalmente aleatória e sincera, apenas
deixando o que vier à cabeça ser exposto, mas isso provavelmente não é a melhor
das ideias, já que não escondo nomes e muito menos sentimentos lá. Imagina se
eu conto que estou pensando em mandar mensagem para o ***** quando eu for à
cidade dele, mesmo ele não merecendo nem um pouco (mas de humilhação eu sei
bem); ou que senti saudades do beijo do ***** (e eu sei que tem o mesmo número
de asteriscos do nome anterior, mas não é a mesma pessoa); ou quem sabe que me
sinto muito mal por ser uma colecionadora de linhas vazias ultimamente.
Poucos anos atrás eu não aguentaria um caderno em branco
por mais de dois dias, pronta para recheá-lo com poemas e quaisquer outras
criações, além dos ocasionais desabafos. Hoje, meus cadernos duram mais, e isso
com toda certeza é melhor para as árvores, mas talvez não para mim. Já cheguei
até a considerar isso bom (se não estou escrevendo sobre nada, é por que não há
nada em particular me incomodando, certo?), mas agora vejo que é somente porque
me esvaziei (aquela velha história de sempre). Não encontro nada que seja digno
o suficiente para ser escrito, e o pouco que encontro vai para os poemas
condensados que fotografo para postar (pois preciso alimentar o meu Instagram
diariamente). De certa forma, estas coisas casam (tipo unir o útil ao
agradável, sabe?) e acabo por continuar assim. Aqui estou eu, sentada no sofá
escrevendo algo que pode ser classificado como uma crônica, sempre me contendo,
porque não me permito explodir na frente dos outros (a não ser que você seja um
familiar ou amigo muito próximo ou um profissional pago para me acompanhar),
então mantenho o decoro (lembra dos asteriscos?).
Como você faz para se expressar quando os sentimentos
praticamente pulam para fora de você? Alguns gritam, outros correm, tem gente
que canta e eu escrevo. Desta vez algo que deixarei livre no mundo, e não preso
entra as páginas de meus caderninhos lindos (e de preferência pautados, porque
acabo fazendo uma bagunça quando escrevo sem linhas). Não sei se este texto
carrega algo de bom, mas já li tanta crônica que parecia ser sobre nada e foi
capaz de me encantar, que não custa tentar.
Folheio os meus caderninhos e encontro dizeres de quando
eu tinha catorze anos, falando mal da menina que me excluía, do menino que não
correspondia a minha paixão e até da minha irmã com quem eu brigava
constantemente. É divertido relembrar minhas personalidades do passado, e até
alguns eventos marcantes que talvez passem despercebidos no dia a dia, mas que
também fizeram parte da minha construção. Termino este texto sorrindo (mesmo
que a partir de certas perspectivas essa “saudosidade” seja ridícula, pois não
era para lembrar de coisas que me fizeram mal com alegria), e dizendo que vou
continuar escrevendo a minha história, seja por aqui, em caderninhos em branco,
ou simplesmente com os meus pés pelo mundo (sinceramente, espero que das três
formas. Me desejem sorte).
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