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Liberdade ou Solidão?

 

            Esta pergunta ficou bem popular recentemente.

            Há uma dificuldade entre todos nós em acreditar que uma pessoa pode ser completa sozinha. Já era de se esperar, afinal o ser humano é um ser social, e interagimos com pessoas todos os dias (às vezes até mais do que gostaríamos).

            Experienciar a carência é uma coisa rotineira para a maioria das pessoas, as quais não raro buscam validação proveniente dos outros, para poderem assim se sentirem suficientes (mas eu não sou psicóloga ou antropóloga para explicar isso, sou apenas uma observadora).

            Hoje mesmo decidi ir ao cinema sozinha.

            Preferiria ir com a minha melhor amiga de infância? Sim, mas ela tinha compromissos de família e depois profissionais. Gostaria de ter marcado de ver com minha mãe e irmã? Sim, mas estamos morando em cidades diferentes. Acharia legal encontrar um certo rapaz e quem sabe trocar uns beijos dentro da sala escura? Não, pois eu realmente queria ver o filme (era da Disney e eu tenho a minha parte infantil muito aflorada dentro de mim mesma, a pobrezinha precisa ser constantemente alimentada).

            Sem opções, fui sozinha. Arrumei-me, porque eu gosto de olhar no espelho e me sentir bela, e segui rumo ao entretenimento. Liberdade ou solidão? A verdade é que poderíamos até chamar por qualquer um dos nomes, que funcionaria da mesma forma. Acredito mesmo é que foi uma causada pela outra: graças à solidão, pois não tinha ninguém para ir comigo, rendi-me à minha liberdade, pois sou completamente capaz de enfrentar os olhares da sociedade de mãos dadas apenas com a minha bolsa.

            Não vejo muito sentido em ficar fazendo esta pergunta, já que a resposta pode ser: os dois. Um não exclui totalmente o outro. Ou por acaso você conhece alguém 100% resolvido com suas questões e completo?

            Como uma certa música da Alessia Cara diz: “eu tenho a minha cachorra e ela é o suficiente, mas seria legal ouvir uma voz que não a minha própria”. Uma coisa não exclui a outra (ou sou só eu que sou indecisa mesmo?), e é entre estes sentimentos que nos encontramos, apenas vivendo, pois eu escolhi sair de casa hoje e ser capaz de dizer que fui livre e solitária ao mesmo tempo.

            Tudo isso por causa de uma ida ao cinema? Sim e não. Não, porque a ida ao cinema é só um exemplo de tempo de qualidade sem companhia; e sim pelo mesmo motivo: tempo de qualidade sem companhia. É possível. É o melhor? Depende do momento e do que você está buscando.

            Não nego que teria apreciado uma companhia hoje, mas passei o último final de semana com a família e o anterior com um amigo e estava doida por um momento só meu, então consegui o que queria e aproveitei o quanto pude.

            Olhei ao redor e não vi ninguém, mas recebi uma mensagem do meu pai e lembrei que não estou sozinha de fato, apesar de estar sim no plano físico. Fui capaz de encontrar um meio termo.

            As coisas não são necessariamente uma coisa ou outra, pois somos formados por diversas esferas que buscam o equilíbrio perfeito mas quase nunca o atingem, passeando por entre sensações e experiências.

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