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Sementes que caem no chão

Várias flores que nascerão

Abelhas que vêm a pousar

Para então o mel fabricar

Um rapaz arranca uma delas

E a entrega a uma moça bela

Ela observa a cor anil

E agradece sendo gentil

Aceno de mão, sorrisinho

Para então seguir seu caminho

Em casa sua mãe a espera

Braços cruzados, uma fera

Quatro potes de mel e só

Para entregar à sua avó

Corre, corre rapidamente

E esbarra num adolescente

Para escola, ele vai indo

E agride um mais novo, rindo

Este busca uma professora

Que acolhe o mesmo, benfeitora

Com calma enxuga suas lágrimas

Usando suas mãos macérrimas

Ela atende um telefonema

Sua família tinha um problema

Alguém estava muito mal

Em seu caminho pro hospital

Quase atropela um cara alto

Que sai correndo pelo asfalto

Um moço e sua namorada

Com as cabeças alinhadas

Passam nesse mesmo lugar

Sorrindo e pensando em amar

Apenas um breve momento

Antes de propor casamento

Passa pela moça uma abelha

Raspando um pouco em sua orelha

Seguida de uma borboleta

Voando de um jeito espoleta

Ela percorre todo o ar

Até que decide pousar

Numa garotinha, bem inha

Baixinha, fofinha, magrinha

Ruivinha e um pouco sardentinha

Bem bonitinha e alegrinha

E pousa bem no seu nariz

Perto da mamãe, que diz:

“Filha, vem cá meu anjo, vem

Venha querida, vem meu bem

Ei, se aproxime meu amor

Nós vamos plantar uma flor

Alguém tirou uma da terra

Mas este ciclo não se encerra

Essa florzinha vai nascer

Vai nascer e depois crescer

Ela vai espalhar perfume,

Ser casinha de vagalume,

De borboletas e abelhinhas

E vai ser uma flor lindinha

Condensando a enorme beleza

Que há nesta nossa redondeza

Quem sabe um dia, no entanto

Seja entregue por um encanto

Símbolo de um amor bonito

Ou até de um ciclo infinito

Que vai girar, girar, girar

Para depois recomeçar

 

(2016)

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