Esta é a história de um primeiro beijo.
De quando eu ainda tinha dentes de
leite na boca (mas não pense que era tão nova assim, meus dentes demoraram
muito para cair) e saía de cabelos trançados como a Rosinha (depois criei
vergonha e atualmente só as uso para dormir).
Eu estava prestes a mudar de cidade.
Meus pais já tinham escolhido uma casa; eu e minha irmã estávamos com os
uniformes da nova escola comprados; e eu já tinha começado a me despedir de
todos os amigos. Mas eu não queria ir embora da cidade que representava toda a
minha infância e pré-adolescência sem uma memória especial (não que eu não
tivesse uma pá de memórias especiais criadas ali, mas estou falando de algo bem
específico), da qual eu me lembraria por anos, como o momento em que despertei
para a minha adolescência, pronta para relacionamentos maduros.
Ele já não morava mais lá, mas
estava passando as férias na casa de uma tia. Nós estudamos juntos durante um
ano e quase tudo nele me chamava a atenção, enquanto sentava atrás de mim e
aqueles olhos verdes e cabelos loiro-escuros não tão escuros quanto os meus
brilhava. Ele dançava bem como eu nunca tinha visto algum menino dançar e me
fazia rir todos os dias, sem exceção.
Trocamos mensagens e nos encontramos
perto da nossa antiga escola. Eu estava usando uma saia azul-marinho com flores
cor-de-rosa e uma camiseta da mesma cor, com três flores em alto relevo
decorando um dos peitos. Ele estava de camiseta amarela e calção bege.
Não falamos muito. Só nos
cumprimentamos e logo partimos para a ação, na qual eu não tinha ideia de como
proceder e simplesmente fiquei parada, morrendo de vergonha, mas fui guiada e
acabei seguindo, sem dificuldades, as orientações do meu príncipe encantado da
época.
Esta é a história de um primeiro
beijo, que não aconteceu.
Na verdade é a história de como eu
gostaria que meu primeiro beijo tivesse acontecido (até eu efetivamente mudar
de cidade e encontrar outro menino que não tinha nada de realeza, mas a quem
meus olhinhos apaixonados conferiram características gentis e lisonjeiras).
Meu primeiro beijo foi em um fim de
festa, depois de levar um fora de quem eu realmente queria beijar.
Meu segundo beijo foi no cinema, com
um garoto que conheci lá na hora.
Meu terceiro beijo foi tão ruim que
passei os dois anos seguintes sem tocar nos lábios de ninguém.
Daí para frente tive várias
experiências boas e outras nem tanto, como seria de se imaginar.
Já tive o que pude eleger o melhor
beijo da minha vida, mas quem sabe alguém ainda não poderá superá-lo.
Dez anos depois de ter perdido a
virgindade bucal, agora sim acho que talvez eu até possa estar pronta para um
relacionamento, que seja nada mais e nada menos que real, afinal, de irreais,
já bastam as nossas expectativas?
E você? Lembra como foi o seu
primeiro beijo? Pode ser o real ou o imaginado, não precisa me contar.
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