Meu site de cara nova!

 

“Eu te amo, mas tenho medo de me machucar.”

Você disse, enquanto me beijava.

Não falamos sobre o momento em que terei de ir embora.

Por que vai doer?

Acho que simplesmente porque não vamos saber o que dizer.

Tchau? Coloca um ponto final, e não queremos isso.

Até logo parece mais certo, mas não sabemos o quão logo vai ser.

Uma hora vamos ter que falar sobre isso.

Acho que vai ser no último dia, quando as areias do relógio tiverem já escorrido todas para um lado.

Estarei fazendo 25 anos, cansada de uma festa, louca para te ver. Cabelos ainda penteados, resto de maquiagem na cara e um sentimento de “e agora?”.

Vou estar finalmente formada, então vou pensar: “o que vou fazer agora? Onde vou trabalhar?” e, talvez até mais importante, “como eu e você vamos fazer? E agora?”

Eu não posso ficar aqui, já falei. Quero ficar perto da minha mãe e ajudá-la a cuidar da Jasmim e da Chanel. Ela já teve que fazer muito sozinha este ano. E, me dói dizer isso, mas estou um pouco cansada desta cidade e sinto falta do movimento da capital, das facilidades da minha casa de lá (de poder comer do tempero de mamãe também é muito bom, todo mundo sabe, ainda mais quando o meu deixa muito a desejar) e é fato que lá há muito mais oportunidades profissionais para mim.

Você não tem qualquer motivo que seja para se mudar. Sua vida está aqui, seus pais, seu irmão, seu trabalho, seu gatinho, tudo... a única coisa que vai estar lá serei eu, e não posso te pedir que abandone tudo para ir comigo, você nem tem como fazer isso! Sua família está construindo uma nova casa aqui, eles querem fincar raízes.

Também jamais te pediria para ir comigo pois sinto que é muito cedo. Se ao menos tivéssemos nos conhecido antes e tivéssemos mais meses de relacionamento, daria para chamar isso de sólido, mas ainda está tão recente.

O fato é que vai chegar a hora da despedida.

Um dia depois do que pode ser o melhor dia do ano, aproveitando minha celebração ao seu ladinho.

“Se eu chorar, ao menos vou poder dizer cada segundo”, você também disse (neste caso por mensagem), e é isso que estamos fazendo. Tenho orgulho do que estamos vivendo e queria viver tanto mais ao seu lado, mas não acho que vai ser possível.

Prometo voltar para visitar-te.

Vai ser um “até logo” (sempre).

 

Que seja falsa a esperança

Que me permite acordar pela manhã

Que seja falsa mesmo

Desde que exista

Que ela não prometa nada

Que não me diga como os dias vão ficar melhores

Como vou gostar de acordar pela manhã

Um dia

Que seja falsa

A esperança que me move

Que não seja real

O impulso que me invade

E que toma total conta de mim

Fazendo-me... apenas viver

Que seja mentira

Mas a mais bela das falácias

Entre conjecturas

De se ter esperança

             Minha irmã está noiva.

Em três meses ela vai se casar, e depois mudar de cidade.

Eu não estou morando na mesma cidade que ela, pois preciso fazer alguns estágios para terminar a minha faculdade e só consegui arranjar um local em uma localidade diferente.

Dói saber que perdi a chance de passar o último ano da minha irmã em casa ao lado dela.

Dói mais ainda imaginar que vou voltar para Curitiba e encontrarei um quarto vazio (e nem estou falando do guarda-roupa, o que também dói, mas em um nível muito menor, claro).

Quando meu irmão saiu, foi mais fácil. Ele já viajava muito e quase não parava em casa (por que escrevi isso no passado? Esta ainda é a sua vida), por isso não tínhamos tanto contato, mas a minha irmã... minha irmã foi o meu apoio principal sempre que precisei, ela me ensinou, me aconselhou, me emprestou roupas para festas as quais eu estava extremamente nervosa para ir e me deixou chorar em seu colo sempre que necessário.

Não quero molhar meu rosto enquanto escrevo isso aqui, então, ao invés de focar nas memórias que tenho da minha irmã mais velha e mais sábia, vou focar no fato de que vou me tornar filha única e o quão estranho isso vai ser.

Minha mãe vai se aposentar, vou trabalhar em período integral (se tudo der certo e alguém se atrair pelo meu currículo), vou ficar longe do garoto que gosto (opa, estou fugindo do assunto aqui, vamos deixar esta parte para outro texto) e vou ser o único passarinho que restou no ninho.

É uma certa pressão para abrir as asas, pois parece que estou fazendo algo de errado, simplesmente longe do sucesso e perto demais das minhas raízes (continuamos com analogias ligadas à natureza).

Ok que estou almoçando sozinha este ano, mas sei que minha família está toda lá em Curitiba, pronta para se reunir quando possível.

Não vai ser mais possível de maneira tão simples assim, porque o meu irmão pode viajar muito, mas ainda mora na mesma cidade que a gente, já a minha irmã, vai até para outro estado e estou tendo muita dificuldade de conceber isso.

Estou feliz por ela, claro, mas me sinto estranha. Não é um problema almoçar só com a minha mãe, o que é super comum, mas é um problema se sentir um fracasso por não ter saído de casa (mesmo sendo a mais nova e sabendo que não é uma corrida).

Sinto que vou me sentir sozinha, e é disto que realmente tenho medo.

Sempre tive dificuldades para lidar com mudanças, e esta vai ser uma das grandes. Tenho medo de como vou reagir. 

             É verdade que eu ainda não vivo uma vida completamente adulta. Ainda não me formei, não tenho minha própria casa e etc., mas tenho muitas amigas que a vivem e estão constantemente sem tempo.

Com o evento trágico que foi a morte do Liam Payne, eu e uma amiga directioner combinamos de fazer uma ligação para falarmos sobre ele, mas tem um porém: ela mora no Canadá, aí encontramos mais um problema, chamado fuso horário.

Foi difícil fazer essa ligação acontecer viu. Ficamos uma semana e meia tentando marcar e, quando eu podia, ela estava no trabalho, ou ajudando o namorado com o jantar, ou tinha qualquer outro compromisso. Quando ela podia, já era muito tarde por aqui e eu estava dormindo.

Por fim, em um domingo à noite (noite aqui, tarde lá), conseguimos conversar, falando sobre o Liam, nossos sentimentos e também colocando um pouco do papo em dia. Eu sentia muita falta dela (falando assim faz parecer que não sinto mais, mas a questão é que a ligação ajudou a matar um pouco dessa saudade) e, nossa, como me senti bem durante aquela ligação, falando com alguém em quem confio e consigo ficar totalmente à vontade (é uma pena para mim ela não morar mais perto).

Também tenho uma amiga que amo a qual mora em Fortaleza. Não tem fuso horário envolvido, mas tem muito trabalho e outros compromissos. Só nos vimos pessoalmente uma vez, mas ela ainda é uma das pessoas nas quais mais confio no mundo. Faz muito tempo que não temos uma conversa de fato, uma ouvindo a outra ao vivo e dando o seu parecer na hora. A maior parte de nossa comunicação é por mensagens e áudios.

Mas não pense que apenas as pessoas que moram longe têm dificuldades de encontrar os amigos. Tenho amigas que moram na mesma cidade que eu que nem mesmo vejo. Elas têm plantão, cursos, atendimentos, programas com a família e o namorado (falo disso referente às duas cidades em que considero que moro).

Como diria Phil Dunphy: ‘life gets in the way’, ou seja, ‘a vida entra no caminho’, porque as coisas vão acontecendo e você vai crescendo e, quando vê, a última vez que saiu com seus amigos já faz quase um ano.

Não estou dizendo que é ruim que você cresça e amadureça, afinal, esta negação faz com que muitas pessoas vivam no passado (por muito tempo eu levantaria a mão aqui) e fiquem deprimidas (ainda levanto a mão aqui). A vida é como é e faz parte, mas realmente dói muito ter que marcar para fazer uma ligação, coisa que deveria ser cotidiana.

Você tem coisas para fazer agora, eu sei, pode ir, mas não esqueça de arrumar um tempinho, por menor que seja, para entrar em contato com os seus amigos, aqueles que você realmente aprecia, para demonstrar isso. Não esqueça que a vida entra no caminho, mas ela também é o caminho, e passar por ele junto de alguém pode ser bem mais doce do que sozinho. 

 

Quando foi que deixei

De deixar as coisas boas entrarem?

Eu era boa nisso

Uns seis anos atrás

Porque elas não deixaram de existir

Continuam por aí

Por aqui

Só parece que não me alcançam

Mas talvez seja eu

Que as esteja afastando

 

 

Encontrei uma escritora de um pouco mais de quarenta anos que me disse que está solteira porque “é muito chata” e me recusei a acreditar. Primeiro, porque não achei ela nada chata, e, segundo, porque eu sou muito chata e minha figura está atualmente ocupando o coração de uma pessoa (e é recíproco, ele também ocupa o meu), o que me fez pensar: talvez chatice não seja um problema.

Você pode encontrar um chato para você!

O meu chato é sistemático na cozinha e demora eras para escovar os dentes;

A chata dele (no caso eu) é preguiçosa e não gosta das figurinhas que ele envia no WhatsApp (são horríveis).

Mas, mesmo assim, funciona.

Sei que as informações que dei são coisas consideravelmente superficiais e não estragam uma relação, mas foram feitas apenas para ilustrar (até porque não quero expor a minha intimidade falando dos motivos reais que me fazem concluir que sou uma pessoa difícil de se conviver).

O objetivo deste texto é dizer para você que, não importa o quão cheio de defeitos você seja, ainda é possível que encontre alguém que consiga focar em suas qualidades.

Ok, vamos deixar bem claro aqui, não venha querer que esta pessoa cumpra uma lista de exigências ridículas que você inventou. Eu sei que você tem expectativas, eu sou fanfiqueira, eu entendo, mas precisamos saber renunciar a certas coisas para que uma relação possa dar certo, afinal, não existe uma pessoa perfeita.

“Ele precisa ter mais de 1,90 m”. Por quê? Sabe o quão maravilhoso é beijar alguém da sua altura? (Digo isso com propriedade, pois o meu chato é da minha altura); “Ele precisa gostar de futebol”. Por quê? Sabe o quão legal é assistir a uma longa partida de tênis?; “Ele precisa saber cozinhar”. Por quê? Você também não sabe, quem é você para cobrar? (E eu não cobrei, mas meu chato cozinha muito bem e ainda lava a louça depois, então eu diria que tirei a sorte grande, mesmo que ele cometa alguns erros de português de vez em quando. Eu corrijo e vida que segue)

Ainda acredito que aquela escritora poderá achar alguém algum dia, e você também pode encontrar um chato para chamar de seu, desde que abra mão de suas expectativas irrealistas e saiba ceder de vez em quando.

Posso ser chata e até meio maluca (mas sou uma maluquinha legal, segundo ele), mas estou conseguindo me relacionar, o que prova que não importa o quão difícil você seja, desde que possa ser maleável (já que todo relacionamento humano exige isso), você pode dar certo com alguém (até quando? Aí são inúmeros fatores, e é melhor deixarmos para outro texto).

 

 

Em alguns dias

Toda a sua epiderme se renova

As células morrem e outras nascem

A pele que ele ou ela tocou

Não está mais ali

Sentir a presença dele ou dela em você 

É biologicamente impossível 

Mas emocionalmente não 

Eu sei que você sente

E tudo bem

Ao menos tenha certeza

Que seu corpo já se desfez desse contato

Já se limpou

Já se desintoxicou

Não se preocupe com os resquícios físicos

E você é capaz de se limpar

Desintoxicar

Renovar

Por dentro

Assim como por fora

Vai chegar a hora